terça-feira, 5 de março de 2013

No fim da manifestação está o pote do ouro


Fui um curioso espectador da manifestação do dia 2 de Março, a qual, teve muita forma e pouco contéudo.
Na verdade, foi uma manifestação criativa, com mensagens bem imaginadas e que deram um colorido simpático a esta espécie de evento cultural. Longe de mim ser crítico ou condenar o direito à liberdade de expressão e à manifestação pacífica!
 
No entanto, à manifestação faltou o conteúdo, a expressão da alternativa e do caminho inverso que um futuro Governo - se bem que, igualmente por falta de substância, não se tivesse sabido se era isso que os manifestantes desejavam - deveria tomar, de forma a "devolver a vida" aos portugueses.
Menos preocupado em ler os cartazes e mais atento às declarações do povo, lá fui escutando o "non sense" que tem caraterizado estes aglomerados. A maioria das pessoas ouvidas lá vinha dizendo que a solução passava por derrubar este Governo. E é claro que qualquer jornalista mais afoito perguntava logo se a solução passaria por marcar eleições antecipadas, elegendo um novo governo. Aí começavam as primeiras hesitações, sendo que a maioria respondia que o importante era mesmo "ouvir o Povo". Ora, segundo sei, desde, pelo menos, 1974 que a forma legítima e universal de auscultar o povo é através de eleições. A menos que os intervenientes não acreditem lá muito nessa forma, se calhar, pouco ortodoxa de expressar a democracia e prefiram um "governo de rua", seja lá o que isso fôr.
 
Mandar "lixar a troika" é, sem dúvida, um belo slogan. Mas desejarão os esclarecidos organizadores sair abruptamente dessa coisa chamada "mercados", moeda única ou UE? E, alguma vez perderam uns minutos de reflexão para informarem o povo que anda na rua quais as consequências desse caminho? Podiam, por exemplo, exibir um "slideshow" com as belas imagens da RDA antes da queda do Muro.
 
Não, esse é um papel que ninguém quer assumir. Mais fácil é mostrar a manifestação como um belo arco-íris em cujo fim se encontra um pote com ouro.

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